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As mulheres do Nordeste brasileiro têm alcançado níveis educacionais superiores aos dos homens, mas essa conquista ainda não se reflete em equidade no mercado de trabalho. É o que revela o boletim temático “Mulheres do Nordeste”, divulgado pela Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) dados que não gostaríamos de ver.
Avanços na educação
De acordo com o levantamento, as mulheres nordestinas possuem, em média, 8,9 anos de estudo, enquanto os homens apresentam 8,1 anos. Elas também são maioria entre os concluintes de cursos de pós-graduação na região, representando 56,98% do total. Além disso, a taxa de alfabetização feminina é de 92,7%, superando a masculina, que é de 91,0%. Mais mulheres concluem o ensino médio (34,9%) e o ensino superior (14,1%) em comparação aos homens.
Desigualdade salarial
Apesar da maior qualificação acadêmica, essa vantagem não se traduz em salários mais altos. O estudo mostra que as mulheres nordestinas recebem, em média, R$ 1.699,00 por mês, um valor 15% inferior ao dos homens. Essa disparidade salarial reflete uma tendência nacional, onde, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), as mulheres ganham, em média, 20,5% menos que os homens.
Sobrecarga no trabalho doméstico
Além da desigualdade de renda, as mulheres enfrentam uma sobrecarga no trabalho doméstico e no cuidado com outras pessoas. O levantamento aponta que as mulheres nordestinas dedicam, em média, 23,5 horas semanais a essas atividades, enquanto os homens gastam menos da metade desse tempo: 11,8 horas. Essa discrepância evidencia a dupla jornada enfrentada por muitas mulheres, que conciliam responsabilidades profissionais e domésticas.
Participação em programas sociais
A responsabilidade feminina dentro dos lares também se reflete na participação das mulheres em programas sociais. No Nordeste, 81,7% dos lares beneficiados pelo Bolsa Família são chefiados por mulheres. Esse dado destaca o papel central das mulheres na sustentação econômica de suas famílias e a importância de políticas públicas voltadas para a equidade de gênero.
Embora as mulheres nordestinas tenham avançado significativamente no campo educacional, ainda enfrentam desafios substanciais no mercado de trabalho e na divisão de responsabilidades domésticas. A redução das desigualdades de gênero requer políticas públicas eficazes e uma mudança cultural que valorize e equilibre as contribuições de homens e mulheres em todas as esferas da sociedade.
Por, Clóvis Kallycoffen