📅 28 abr 2025

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Jornalista da Band vira réu após críticas duras ao presidente da CBF

Imagem/internet

A Justiça de São Paulo tornou o jornalista João Paulo Cappellanes, da Band, réu por calúnia, injúria e difamação após críticas ao presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Ednaldo Rodrigues. A decisão, proferida pela juíza Aparecida Angélica Correia, da 1ª Vara Criminal do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP), marca o início de um processo que reacende o debate sobre os limites entre liberdade de expressão e ofensa pessoal no jornalismo esportivo.


Críticas no ar levaram à ação judicial

O episódio que motivou o processo ocorreu em fevereiro de 2024, durante o programa “Jogo Aberto”, da Band. Ao comentar o ataque ao ônibus do Fortaleza — atingido por pedras antes de uma partida contra o Sport pela Copa do Nordeste —, Cappellanes questionou a atuação da CBF diante do caso e fez críticas contundentes à entidade e à figura de Ednaldo Rodrigues:

Dá para esperar alguma coisa da CBF? Que tem um presidente frouxo? Que não tem comando? Que não sabe nada de futebol? Dá para esperar alguma coisa dessa entidade falida moralmente?, afirmou o jornalista ao vivo.

Segundo a denúncia, Ednaldo considerou a palavra “frouxo” como uma ofensa pessoal e decidiu acionar judicialmente o comentarista esportivo. A queixa foi acolhida pelo TJ-SP, que agora dá início à fase de instrução do processo.


Jornalista reafirma posicionamento e se defende

Apesar da denúncia, João Paulo Cappellanes mantém seu discurso e diz que não se arrepende das declarações feitas. Em entrevista recente ao portal F5, ele afirmou:

Não me arrependo do que disse e em nenhum momento cogitei pedir desculpas, nem mesmo na audiência. Não é por prepotência ou arrogância, é apenas por exercer o direito do meu trabalho em um país democrático.”

O jornalista também criticou a iniciativa judicial da CBF, afirmando que a ação tem caráter intimidador:

Sinto que, por ser um dos jornalistas que mais criticam a CBF, viram a oportunidade de me processar como forma de me calar. Não vão conseguir. Jamais vou me calar diante do que entendo ser errado.


Liberdade de imprensa ou ofensa pessoal?

O caso reacende o debate sobre os limites entre opinião, crítica e difamação no exercício da atividade jornalística. Especialistas defendem que jornalistas têm o direito de criticar figuras públicas, sobretudo em cargos de liderança, desde que não ultrapassem os limites legais da honra e da dignidade da pessoa.

Por outro lado, dirigentes como Ednaldo Rodrigues argumentam que a crítica precisa manter o respeito e não pode ser convertida em ataque pessoal disfarçado de opinião.

A defesa de Cappellanes alega que suas declarações estão protegidas pela liberdade de imprensa e expressão, garantidas pela Constituição, e que o jornalista apenas expressou sua insatisfação com a gestão da CBF, algo que é de interesse público.


Contexto: crise na imagem da CBF

A CBF tem enfrentado uma série de críticas nos últimos anos, especialmente após a saída de Rogério Caboclo e a posse de Ednaldo Rodrigues. Questões sobre gestão, transparência, decisões polêmicas no futebol brasileiro e a relação com federações estaduais têm alimentado o descontentamento de parte da imprensa e da torcida.

Além disso, a ausência de resultados expressivos da seleção brasileira e a crise de identidade institucional da CBF tornam o ambiente ainda mais tenso entre jornalistas e dirigentes.

Por, Clóvis Kallycoffen

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