Caso levanta questionamentos sobre protocolos, estrutura e conduta profissional na rede pública de saúde do sudoeste baiano
Uma mãe denunciou suposta negligência médica após perder o filho durante o trabalho de parto no Hospital Municipal de Tanhaçu, no sudoeste da Bahia. O caso, ocorrido em 16 de novembro, reacende preocupações sobre a falta de estrutura, divergência de condutas entre profissionais e possíveis falhas nos protocolos de atendimento.
Relato de vulnerabilidade e desencontro de informações
Segundo a mãe, Isadora Pereira, o atendimento começou de forma confusa. Ao chegar à unidade, teria sido informada pelo médico de plantão que o hospital não possuía condições estruturais para realizar o parto, motivo pelo qual seria iniciado o processo de regulação para outra cidade.
Entretanto, no dia seguinte, com a troca de equipe, outro médico teria tomado decisão oposta: iniciou a indução do parto, afirmando que o procedimento poderia ser realizado no próprio hospital. A família afirma que não recebeu explicações claras e que procedimentos foram feitos sem consentimento.
Asfixia ao nascer e regulação tardia
A situação teria se agravado rapidamente. Isadora afirma que a regulação para outra unidade só foi efetuada de última hora, quando seu quadro já apresentava risco. Ela foi encaminhada ao Hospital Municipal de Brumado, onde o parto ocorreu de forma rápida. O bebê, porém, não resistiu a uma asfixia grave ao nascer.
Para a família, a demora, as decisões contraditórias e a falta de comunicação entre os profissionais configuram uma sequência de falhas graves que podem ter contribuído para o desfecho.
Família cobra investigação e responsabilização
Abalada, Isadora afirma ter se sentido “enganada, vulnerável e exposta” durante todo o processo. A família informou que já tomou medidas legais para que o caso seja apurado pelas autoridades competentes.
Enquanto isso, o episódio levanta questionamentos sobre a estrutura disponível, a coerência das condutas médicas, o cumprimento de protocolos de segurança obstétrica e a efetividade dos mecanismos de regulação de urgências na região.
Impacto e repercussão
Moradores de Tanhaçu e municípios vizinhos têm demonstrado preocupação com a repetição de casos semelhantes na região, especialmente envolvendo gestantes em situação de emergência. O caso de Isadora se soma a um histórico de reclamações sobre a necessidade de melhoria na rede de atenção materno-infantil.
Por, Clóvis Kallycoffen (DRT:7412/DF)



