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Dados divulgados pelo IBGE apontam avanços expressivos na Bahia nesses últimos dois anos. A taxa de insegurança alimentar grave caiu de 12,9% em 2022 para 6,2% em 2024 — uma redução superior a 50%. Em termos absolutos, o número de baianos sem garantia alimentar diária diminuiu de 1,8 milhão para cerca de 800 mil, retirando cerca de 1 milhão de pessoas dessa condição crítica.
Esses resultados coincidem com a implantação do programa Bahia sem Fome, liderado pelo governador Jerônimo Rodrigues (PT), que intensificou ações de combate à fome com foco na assistência direta. Paralelamente, políticas federais — especialmente o Plano Brasil Sem Fome (PBSF) — foram retomadas, reforçando iniciativas essenciais como o Bolsa Família, o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) e a expansão de cozinhas comunitárias.
Plano Brasil Sem Fome: estratégia nacional com foco local
Lançado em 31 de agosto de 2023, o PBSF mobiliza 24 ministérios, 80 ações e mais de 100 metas, com três eixos estratégicos:
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Acesso à renda e cidadania;
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Alimentação adequada da produção ao consumo;
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Mobilização social para combater a fome.
Em 2023, o IBGE registrou a saída de 24 milhões de brasileiros da insegurança alimentar grave — de 33,1 milhões em 2022 para 8,7 milhões, reduzindo de 15,5% para 4,1% da população. No plano nacional, 27,6% dos lares (21,6 milhões de domicílios) ainda enfrentam algum nível de insegurança, demonstrando que a agenda continua urgente.
Políticas federais reforçando o combate à fome
Dentre as iniciativas do PBSF, destacam-se:
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Reajuste do PNAE, garantindo alimentação escolar a 40 milhões de alunos;
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Bolsa Família reformulado, com benefício mínimo de R$ 600, mais R$ 150 por criança até 6 anos — alcançando mais de 20 milhões de famílias e transferindo R$ 168 bilhões em 2024;
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Compra institucional de alimentos por meio do PAA, valorizando a agricultura familiar e abastecendo cozinhas solidárias;
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Implantação do Protocolo Brasil Sem Fome, que identifica indivíduos em risco no SUS, SUAS e Sisan, levando atendimento integrado.
Impactos para a Bahia e repercussões sociais
A sinergia entre os programas estaduais e federais produziu efeitos visíveis. A Bahia tem registrado expansão de cozinhas comunitárias (equipamentos públicos de alimentação) e fortalecimento da assistência social. Esses espaços vêm sendo integrados ao Sisan como estruturas permanentes para garantir acesso a refeições adequadas.
O reflexo dessas ações é significativo: a redução de mais de 1 milhão de baianos na condição de fome grave representa um avanço marcante de segurança alimentar no estado. Contudo, cerca de 800 mil pessoas ainda vivem em situação grave, evidenciando a necessidade de continuidade e expansão das políticas de renda e alimentação.
Desafios e perspectivas
Apesar do progresso, restam desafios. A cobertura nacional ainda demonstra que quase 64 milhões de brasileiros residem em lares com algum grau de insegurança alimentar leve a grave. O PBSF, com prazo até 2030 para retirar o país do Mapa da Fome, avança com metas ambiciosas, modernização do CadÚnico, estoque público de alimentos para estabilidade de preços, e fortalecimento dos sistemas integrados (SISAN/SUAS/SUS).
Na Bahia, a continuidade do programa estadual — alinhado aos programas federais — será decisiva. A governança precisa manter o foco na população mais vulnerável, especialmente famílias chefiadas por mulheres negras, idosos e zonas rurais isoladas. A vigilância sobre os indicadores, a articulação federativa e o monitoramento municipal serão cruciais para consolidar o avanço registrado.
Conclusão
Os números do IBGE confirmam que a combinação entre o programa Bahia sem Fome e as políticas federais desencadeou uma expressiva queda da fome severa no estado — um alívio para cerca de 1 milhão de cidadãos. Porém, a meta de erradicação exige ainda fortalecimento das iniciativas públicas, fiscalização contínua e engajamento social estratégico para que, até 2030, nenhuma baiana ou baiano enfrente fome.
Por, Clóvis Kallycoffen