📅 28 abr 2025

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STF Mantém julgamento na Primeira Turma: divergência de Fux e debate sobre o foro para caso Bolsonaro

Imagem/fotomontagem

Na manhã desta terça-feira (25), a maioria dos ministros da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) votou para prosseguir com o julgamento da denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e outros sete denunciados, acusados de envolvimento em tentativa de golpe de Estado. O colegiado – composto pelos ministros Alexandre de Moraes (relator), Cristiano Zanin (presidente), Flávio Dino, Cármen Lúcia e Luiz Fux – iniciou a sessão com intensas discussões sobre questões processuais, que poderão influenciar os desdobramentos do processo.

 

Apesar da divergência do ministro Luiz Fux, que defendeu que o caso fosse encaminhado ao plenário da Corte (composto por 11 ministros) por considerar que a gravidade dos fatos exige uma análise mais ampla, os demais integrantes votaram pela manutenção do julgamento na Primeira Turma. Segundo Fux,

“ou estamos julgando pessoas que não exercem funções públicas ou estamos julgando pessoas que ainda detêm prerrogativas, e o local ideal seria o plenário do STF”.

Contudo, os demais ministros ressaltaram que o regimento interno da Corte – que já foi modificado diversas vezes no passado – permite que denúncias de alta complexidade sejam apreciadas pelo colegiado de cinco ministros, o que tem acelerado o andamento de outros processos similares.

O caso, que se insere no contexto das investigações sobre atos que tentaram desestabilizar as instituições democráticas, segue uma tramitação que poderá, se a denúncia for recebida, transformar Bolsonaro e seus aliados em réus em ação penal. Entre os crimes imputados estão organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado pela violência e deterioração do patrimônio público. As provas apresentadas, que incluem depoimentos, mensagens de WhatsApp e registros documentais, apontam para uma suposta trama articulada para impedir a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva após as eleições de 2022.

Tópicos em Destaque

  • Decisão do Colegiado:

    • A maioria dos ministros da Primeira Turma optou por manter o julgamento na própria turma, mesmo diante do pedido de Fux para que o caso fosse apreciado pelo plenário.

    • A decisão foi tomada após análise de questões preliminares e de pedidos das defesas, que inclusive tentaram afastar ministros como Ale

    • Alexandre de Moraes, Flávio Dino e Cristiano Zanin.

  • Argumento de Divergência:

    • Ministro Luiz Fux argumentou que, considerando o alto número de partes envolvidas e a gravidade dos fatos, o julgamento deveria ser ampliado para os 11 ministros do plenário, a fim de conferir maior legitimidade à decisão.

    • o número de partes envolvidas e a gravidade dos fatos, o julgamento deveria ser ampliado para os 11 ministros do plenário, a fim de conferir maior legitimidade à decisão.

    • Apesar de sua divergência, a posição de Fux não prevaleceu, e o caso seguirá na estrutura da Primeira Turma.

  • Contexto Processual e Investigativo:

    • A denúncia, que reúne provas obtidas por meio de investigações que se estenderam por quase dois anos, acusa Bolsonaro e outros de articula

    • rem uma tentativa de golpe de Estado para manter o ex-presidente no poder após sua derrota eleitoral.

    • Os investigadores destacam evidências como registros de conversas, delações premiadas e documentos que sugerem a existência de um plano que incluía, inclusive, medidas extremas como o uso de violência e até assassinato de autoridades como Lula e ministros do STF.

  • Implicações Políticas e Sociais:

    • Caso a denúncia seja recebida, Bolsonaro e os demais denunciados passarão a ser réus em um processo que poderá ter consequências graves, inclusive com penas que somam décadas de prisão.

    • O julgamento ocorre em um cenário de grande polarização política no país, com aliados do ex-presidente alegando perseguição judicial e críticos defendendo a necessidade de responsabilização para a preservação do Estado Democrático de Direito.

Com o julgamento já aberto, o STF reserva as próximas sessões para que se delibere sobre a admissibilidade da denúncia e, posteriormente, sobre o mérito do caso. A decisão final neste estágio processual é aguardada com grande expectativa por analistas jurídicos e pela sociedade brasileira, que veem no desfecho deste processo um marco para a consolidação das instituições democráticas do país.

Enquanto a tensão persiste no ambiente do tribunal – reforçada, inclusive, por medidas de segurança especial devido ao risco de manifestações e ameaças –, o debate sobre o foro adequado para julgar casos dessa natureza continua a ser um ponto crucial na discussão sobre a justiça e a responsabilização dos agentes envolvidos na trama golpista.

Por, Clóvis Kallycoffen

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